Abro os olhos, não sei onde estou
As luzes piscam lentamente
Acendem e se apagam num ritmo constante
Olho ao redor, algumas caixas, gavetas
Uma das caixas em letras garrafais dizia
"SEMPRE COMIGO"
Abri.
Fotos, sorrisos, momentos.
Pessoas que amo eternizadas em fotografias jamais tiradas
Mas me recordo bem daqueles momentos
Essas cenas, sob essa luz, me alegram e me deprimem
Há uns textos aqui numa caixa bagunçada
Me lembro de alguns, da maioria, não
Manchetes, matérias de jornais e revistas,
Posts do Facebook, que engraçado...
Mas nada muito importante
Nada muito interessante
Levanto os olhos e vejo uma porta
Cuidadosa e curiosa, vou até ela
Abro lentamente enquanto as luzes piscam mais rápido
Estou apreensiva, não há como negar
Vejo escadas e pondero se devo ou não descê-las
Olho para trás procurando outra saída
Não há.
Respiro fundo e percebo o ritmo das luzes voltando a acalmar
Desço degrau a degrau, me apoio nas paredes quentes e úmidas
Ouço a porta bater atrás de mim em um baque surdo
A minha frente, uma nova sala
Paredes escuras, cheiro de...
Sangue?
Caixas e mais caixas empilhadas e bagunçadas
Papéis e fotos espalhados
E esse cheiro de sangue
As luzes voltam a piscar freneticamente
As imagens ali me amedrontam
Onde estou?
Vou cada vez mais fundo nesta sala que parece sem fim
DOR, MEDO, ANGÚSTIA, AFLIÇÃO, OPRESSÃO,
Dizem as caixas.
Meu deus, que lugar é esse?
SOCORRO! Grito a plenos pulmões
Nada audível sai de mim
Mas um tremor rompe o lugar no mesmo instante
E caixas, textos e imagens se espalham pelo chão
Não pude não ver
Cada foto, cada coisa ali
Coisas que vivi e que não queria reviver
Revivo.
Revivo sem entender
Como um lugar pode ter tanto de mim?
Como alguém pode coletar tanto?
Como alguém poderia saber de todas estas aterrorizantes coisas?
Tenho certeza que as guardei só para mim!
Torno a buscar uma saída
As luzes me enjoam neste piscar constante
Estou presa!
Não há saída!
Feridas começam a surgir sobre todo o meu corpo
Todas essas informações parecem tão expostas agora
Toda esta dor... todas estas lembranças...
Tento me acalmar e não consigo
As batidas do meu coração continuam aceleradas
As luzes piscando no mesmo ritmo...
Espera.
Como não percebi isso antes?
Percebo o lugar mais uma vez
Percebo que lugar é este.
Percebo onde estou.
Dentro de mim
Minha prisão
Prisão que eu criei
Prisão que é só minha
Carcereira, cárcere e detenta: eu.
Por Fabi Emerick
As luzes piscam lentamente
Acendem e se apagam num ritmo constante
Olho ao redor, algumas caixas, gavetas
Uma das caixas em letras garrafais dizia
"SEMPRE COMIGO"
Abri.
Fotos, sorrisos, momentos.
Pessoas que amo eternizadas em fotografias jamais tiradas
Mas me recordo bem daqueles momentos
Essas cenas, sob essa luz, me alegram e me deprimem
Há uns textos aqui numa caixa bagunçada
Me lembro de alguns, da maioria, não
Manchetes, matérias de jornais e revistas,
Posts do Facebook, que engraçado...
Mas nada muito importante
Nada muito interessante
Levanto os olhos e vejo uma porta
Cuidadosa e curiosa, vou até ela
Abro lentamente enquanto as luzes piscam mais rápido
Estou apreensiva, não há como negar
Vejo escadas e pondero se devo ou não descê-las
Olho para trás procurando outra saída
Não há.
Respiro fundo e percebo o ritmo das luzes voltando a acalmar
Desço degrau a degrau, me apoio nas paredes quentes e úmidas
Ouço a porta bater atrás de mim em um baque surdo
A minha frente, uma nova sala
Paredes escuras, cheiro de...
Sangue?
Caixas e mais caixas empilhadas e bagunçadas
Papéis e fotos espalhados
E esse cheiro de sangue
As luzes voltam a piscar freneticamente
As imagens ali me amedrontam
Onde estou?
Vou cada vez mais fundo nesta sala que parece sem fim
DOR, MEDO, ANGÚSTIA, AFLIÇÃO, OPRESSÃO,
Dizem as caixas.
Meu deus, que lugar é esse?
SOCORRO! Grito a plenos pulmões
Nada audível sai de mim
Mas um tremor rompe o lugar no mesmo instante
E caixas, textos e imagens se espalham pelo chão
Não pude não ver
Cada foto, cada coisa ali
Coisas que vivi e que não queria reviver
Revivo.
Revivo sem entender
Como um lugar pode ter tanto de mim?
Como alguém pode coletar tanto?
Como alguém poderia saber de todas estas aterrorizantes coisas?
Tenho certeza que as guardei só para mim!
Torno a buscar uma saída
As luzes me enjoam neste piscar constante
Estou presa!
Não há saída!
Feridas começam a surgir sobre todo o meu corpo
Todas essas informações parecem tão expostas agora
Toda esta dor... todas estas lembranças...
Tento me acalmar e não consigo
As batidas do meu coração continuam aceleradas
As luzes piscando no mesmo ritmo...
Espera.
Como não percebi isso antes?
Percebo o lugar mais uma vez
Percebo que lugar é este.
Percebo onde estou.
Dentro de mim
Minha prisão
Prisão que eu criei
Prisão que é só minha
Carcereira, cárcere e detenta: eu.
Por Fabi Emerick